A instantaneidade, regra do nosso tempo, dificulta a escuta ativa e favorece a simples na qual fingimos escutar e esperamos a primeira pausa na respiração do outro para completar: “Já passei por isso, sei bem como é.” Ou ainda, uma outra bela oportunidade de pausa para dizer: “Pare com isso! Vá em frente! Isso é coisa da sua cabeça! Bobagem!”
E, assim, vai se constituindo essa escuta na qual até mesmo o lugar de protagonista é roubado pela fala daquele que não sabe ouvir, mas falar para aquele que está em sofrimento emocional: “Não se vitimize! Pare de drama!”
A escuta ativa requer tempo e requer do ouvinte retirar-se do tempo do outro, levando suas convicções e deixando permanecer apenas a parte interessada em ouvir, a parte que participa perguntando como está se sentindo e de que forma gostaria de receber ajuda. Dessa maneira compreender como essa situação afeta o outro; e como eu, na condição daquele que escuta, poderei ouvi-lo sem julgar, sem criticar, sem diminuir o sofrer, ao contrário, pronto para acolher. A escuta ativa é premissa para o exercício efetivo de uma postura empática.
Sim, é difícil escutar! Desejamos inserir na fala do outro o nosso modo de ver aquela situação e, quando o relato é feito, já o escutamos ao nosso modo. Um problema pode entristecer uma pessoa por semanas, meses, e o mesmo problema poderia entristecer-te por dois segundos ou nem isso. O que faz uma pessoa sofrer pode nem sequer afetar outra.
É muito difícil escutar, mas vale a pena tentar, treinar e vivenciar, porque esse comportamento faz a diferença na vida de quem necessita, naquele momento, apenas do seu tempo atento para escutar, na queda sutil de uma lágrima, um grito por ajuda.
Vivian Ritter é Doutora em Filosofia, PhD. Especialista em Neurociência e Comportamento, Psicanalista, Professora e Coordenadora de Pós- Graduação há 16 anos. Desenvolve pessoas e organizações com palestras, aulas e treinamentos.