Gildinho dos Monarcas partiu para a querência do céu
O Brasil de bombacha se despede do rei da música fandangueira. Nésio Alves Corrêa, mais conhecido como Gildinho, fundador do tradicional grupo musical Os Monarcas, deixa uma legião de fãs conquistados ao longo de mais de cinco décadas. Praticamente às vésperas de completar 83 anos, o artista acometido por complicações decorrentes do câncer se despede de uma trajetória de 51 anos dedicados à música gaúcha. Como o título da última música lançada pelo grupo “Um Taura da Moda Antiga”, Gildinho foi um taura (expressão utilizada no Rio Grande do Sul símbolo de identidade e orgulho regional), que expressou o seu mais profundo amor pela música, através da ponta dos dedos, deixando um legado de grandes sucessos, admiração, talento, amor e dedicação à música regionalista.
Fundado na década de 70, o grupo gravou 50 discos, agraciados com dez discos de ouro, três DVDs e diversos prêmios como: Prêmio Sharp e quatro vezes o Prêmio Açorianos. Gildinho foi patrono da Semana Farroupilha de Porto Alegre e recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha da Assembléia Legislativa, entre outras premiações.
Os admiradores de seu trabalho são unânimes em referenciar Gildinho como um ser humano extraordinário, generoso, humilde e grande incentivador de novos talentos. Alexandre Forsélius, estuda gaita desde os oito anos de idade e sua mãe, Luciana, o declara fã dos Monarcas desde os seus dois anos. Ale Gaiteiro como é conhecido no meio tradicionalista de Chapecó, agora com 13 anos, demonstra seu carinho e admiração ao mestre Gildinho através das músicas escolhidas para tocar em rodeios e festivais artísticos, que participa na categoria gaita tecla. Ale possui vários registros tocando com a banda, ao lado de Gildinho, em bailes ocorridos na capital do Oeste Catarinense.
Patrão do CTG Coxilha do Quero-Quero, por duas gestões, Rui Lamaison, conta da satisfação de receber a lenda da música gaúcha em sua entidade, “sempre foi muito especial receber a banda em nosso CTG. Era um ícone, uma referência, a identidade do grupo e o que mais chamava a atenção era a sua simplicidade. Uma perda irreparável para o cenário musical”, lamenta Rui.
Os Monarcas romperam as fronteiras do sul do Brasil levando a música gaúcha por todo o território brasileiro. O sucesso se evidencia pela presença de diversos fã clubes espalhados pelo país, inclusive no estado do Pará. Para a administradora do Fã Clube Chamamento Foz Monarcas, de Foz do Iguaçu, Leovane DeRe, o legado artístico e pessoal do artista é grandioso, “o mestre Gildinho era um ser humano com um coração gigantesco, que respeitava e valorizava os fãs, sempre com carinho e atenção à todos que o procuravam. O mesmo amor e respeito em que ele atendia aos seus admiradores é o mesmo que nós retribuímos a ele e a banda através deste fã clube”, que se expandiu de uma forma muito rápida e que possui mais de 40 mil membros no Facebook. “Vai fazer muita falta nos palcos, mas vamos continuar honrando a sua memória.”, afirma Leovane.
A jornalista da GenTV, Thais Dutra, teve a honra de realizar uma entrevista com Gildinho em Chapecó, que reprisamos agora em homenagem a este artista que deixou o seu nome registrado na galeria dos grandes nomes da música brasileira exaltando a cultura gaúcha pelos quatro cantos deste país. Que o famoso tranco de Os Monarcas continue a ecoar pelos palcos refletindo a genialidade do seu fundador Gildinho.