Geriatras orientam sobre hábitos saudáveis

A proporção de idosos (com 60 anos ou mais) na população brasileira quase duplicou, de 2000 a 2023, subindo de 8,7% para 15,6%. Isso representa, em números absolutos, que o total de idosos passou de 15,2 milhões para 33 milhões, no período. Estimativas apontam que em 2070, cerca de 37,8% dos brasileiros serão idosos, o que corresponde a 75,3 milhões de pessoas. Esses dados são das Projeções de População do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados do Censo Demográfico 2022, divulgadas em agosto deste ano.

O envelhecimento da população brasileira é uma temática recente, segundo o médico geriatra e cooperado da Unimed Chapecó Dr. Marcio Fernando Borges, porque apenas nos últimos 30 anos o assunto ganhou mais evidência, justamente pelo aumento da expectativa média de vida, que passou dos 60 anos para os quase 80 anos. “É uma grande vitória, uma revolução da população brasileira, que está vivendo cada vez mais, superando uma série de barreiras e conquistando maior qualidade de vida”, analisa.

Para o geriatra, o desafio está em compreender que envelhecer é positivo e, principalmente, que é o período no qual passaremos a maior parte da nossa vida. “Começamos a envelhecer após os 60 anos e podemos viver até os 80 ou 90 anos, então, são praticamente 30 anos na terceira idade. E, se Deus quiser, com muita saúde, independência e autonomia”, comenta. Contudo, o Dr. Marcio esclarece que é preciso diferenciar senescência (processo de envelhecimento natural) de senilidade (envelhecimento associado a condição de doença e estresse emocional, que requer assistência).


O envelhecimento da população brasileira é uma temática recente, segundo o médico geriatra e cooperado da Unimed Chapecó Dr. Marcio Fernando Borges

“O envelhecimento não é um processo estereotipado. Há cada vez mais idosos em plena funcionalidade aos 80 anos, ao passo em que muitos estão dependentes aos 60 anos. As doenças não são sinal de velhice e nem são exclusivas dos idosos. A longevidade deve coexistir com a senescência e não com a senilidade”, ressalta a médica geriatra e cooperada da Unimed Chapecó, Dra. Ariele Didomênico. Ela orienta que dúvidas sobre o processo do envelhecimento ou possíveis queixas devem ser esclarecidas e acompanhadas pelo médico geriatra.

Segundo a Dra. Ariele, um dos principais motivos da procura por atendimento em consultório diz respeito às queixas cognitivas. “Para tal, é necessário que seja realizada uma anamnese minuciosa para entendimento da queixa, aplicação de testes e solicitação de exames laboratoriais e de imagem quando necessário, visto que a memória é um processo cognitivo complexo. Esquecer informações é algo comum em todas as idades, porém, é mais frequente em idosos. O termo ‘esquecimento’, geralmente, é associado a algo negativo, entretanto, é comum e esperado”, acrescenta.

Para denominar o que seria uma trajetória positiva no processo de envelhecimento, de acordo com a Dra. Ariele, alguns termos foram propostos nas últimas décadas, como: envelhecimento saudável, bem-sucedido, robusto, competente, vital, ativo e produtivo. “Estima-se que ele seja determinado 25% pela genética e em 75% por fatores extrínsecos”, reforça a geriatra.

HÁBITOS SAUDÁVEIS

Para envelhecer com qualidade de vida, autonomia e independência, é necessário manter alguns hábitos. De acordo com o Dr. Marcio, há medidas que deveriam ser adotadas em qualquer faixa etária. “São seis grandes hábitos essenciais: alimentação saudável baseada, principalmente, em legumes, verduras, frutas e cereais integrais; atividade física regular pelo menos quatro vezes na semana com duração de 30 a 50 minutos; sono de qualidade de pelo menos sete a oito horas por noite; não fumar e evitar drogas ilícitas; consumir bebida alcoólica com moderação e relações saudáveis tanto na família quanto na comunidade. “Ter relacionamentos bons, que nos tragam tranquilidade, ajudam a reduzir o estresse e, ao mesmo tempo evitam o isolamento e, consequentemente a depressão”, indica.

A Dra. Ariele complementa com outras estratégias essenciais para alcançar um envelhecimento bem-sucedido, conforme Robert N. Butler, que denomina de “prescrição da longevidade”: Preservação da vitalidade mental com atividades desafiadoras e prazerosas, como aprender novas línguas, música ou viagens em grupos; senso de propósito e pertencimento, como trabalho voluntário e participação em grupos; manejo do estresse e prática de prevenção de doenças com acompanhamento médico regular. “A prevenção ainda é o melhor caminho para se evitar anos vividos com incapacidades”, pontua.

INTERAÇÃO SOCIAL

A solidão e o isolamento são desaconselháveis, principalmente, na terceira idade. Para melhorar a saúde física e mental, segundo o Dr. Marcio, é necessário sair de casa, visitar a família, receber amigos e participar de grupos, seja religioso, de esporte, etc. A Dra. Ariele acrescenta que diversos estudos apontam a relevância da integração social como medida de proteção cognitiva, indicando que atividades intelectualmente estimulantes e a participação em grupos pode modificar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento e reduzir os riscos de transtornos.

Entre os principais fatores de isolamento, de acordo com o Dr. Marcio, estão a depressão e a hipoacusia (diminuição ou perda total da capacidade auditiva). “A maioria das pessoas tem medo de admitir esse sintoma para a família e, quando é questionada, nega, dizendo que está escutando bem. Só que, quando vai em um ambiente com muitas pessoas, não consegue entender o que falam, fica irritado, se chateia se elevam o volume da voz e isso é cansativo porque estressa, então, prefere se isolar. Porém, o remédio é procurar um otorrinolaringologista”, argumenta.


A longevidade deve coexistir com a senescência e não com a senilidade, afirma a médica geriatra e cooperada da Unimed Chapecó, Dra. Ariele Didomênico

SONO DE QUALIDADE

Para dormir melhor a orientação que a Dra. Ariele faz para seus pacientes é de que realizem a higiene do sono: ter regularidade nos horários de deitar e levantar; evitar o uso de bebidas estimulantes como cafeína ou álcool no período da tarde/noite; deixar o ambiente aconchegante; não levar preocupações para a cama; manter a rotina de exercícios físicos; dar prioridade para ingestão de alimentos leves e bebidas mornas; deixar o celular no silencioso; evitar cochilos prolongados durante o dia (acima de 45 minutos) e evitar assistir à TV na cama, antes de dormir.

Segundo o Dr. Marcio, a queixa de não conseguir dormir do jeito que gostaria é comum na terceira idade. “Muitos apelam para medicações, imaginando que isso auxiliará, porém pode resultar em outros problemas. O especialista precisa analisar bem o que está acontecendo com o paciente, qual é o seu padrão de sono, para identificar possíveis causas que possam estar atrapalhando. É comum na terceira idade ter um sono mais curto, leve e dificuldade para retornar a dormir”, explica.

LAR SEGURO

Para evitar acidentes, como quedas, a orientação dos geriatras é de que o ambiente seja adaptado para compensar os problemas de mobilidade do indivíduo. “Toda vez que um idoso se expõe a um ambiente novo ou que tenha sofrido mudanças físicas (por complicações de doenças crônicas ou após hospitalizações prolongadas), ele fica exposto a condições ambientais adversas”, alerta a Dra. Ariele. Primeiramente, é necessário identificar e eliminar as condições ambientais de risco. Em segundo lugar, simplificar ou maximizar as tarefas de mobilidade, alterando o espaço e o mobiliário existente. Por fim, reduzir o risco de quedas com ferimentos, como fraturas de bacia ou fêmur.

A geriatra cita alguns exemplos de como o ambiente pode ser adaptado: elimine as luzes baixas, providencie iluminação suficiente em áreas de alto risco como quarto de dormir, banheiro e escadas; retire tapetes; evite objetos soltos pelo chão; prefira cadeiras e sofás com altura adequada que permita sentar/levantar com segurança; opte por camas baixas para facilitar a movimentação; equipe as escadas com corrimãos, delimite as beiradas dos degraus com fita antiderrapante; instale barras de apoio no chuveiro e no sanitário.

Dr. Marcio reforça que, por diversos problemas de saúde, os idosos são mais propensos a quedas, principalmente, após os 80 anos de idade. “Para se ter uma ideia, de cada 10 pessoas nessa faixa etária, pelo menos três vão cair em um intervalo de 12 meses, e metade quebrará algum osso. As fraturas são um sério problema de saúde pública, somente nos últimos 20 anos, foram gastos R$ 3 bilhões para tratar as consequências das quedas (internamentos e cirurgias). Por isso, é fundamental preveni-las”, argumenta.

ESPORTES COM RAQUETE

Tênis, tênis de mesa (pingue-pongue), padel, beach tennis são as modalidades esportivas com raquete mais populares na região Oeste catarinense. Elas são excelentes aliadas de um envelhecimento saudável porque são consideradas completas, movimentando quase todo corpo, além de contribuírem para melhorar o equilíbrio, ampliar as habilidades de tomada de decisão (estratégia, raciocínio rápido e concentração) e incentivar a interação social.

“A prática de atividade física regular traz muitos benefícios tanto para o físico quanto para o mental. Por exemplo, ao sair de casa acaba conhecendo novas pessoas, ampliando o círculo de amizades e a competição proporcionada pela modalidade é benéfica para aprimorar o cognitivo e a ação imediata. Nos esportes com raquete tem a adrenalina de querer ganhar o jogo, da movimentação na quadra, da comemoração em cada ponto, o que é muito positivo”, explica a profissional de educação física da Unimed Chapecó, Franciele Aline Tonini.

Para o condicionamento físico as vantagens são de fortalecimento muscular, porque essas modalidades requerem aumento do esforço, da flexibilidade e da coordenação pelos movimentos rápidos. “Há uma melhora na resistência muscular e cardiorrespiratória das pessoas que praticam esses esportes de maneira regular, reduzindo o risco de infarto pela melhoria da circulação sanguínea”, complementa. Outro privilégio é o controle do peso, porque o exercício intenso gasta muita caloria.

Franciele explica que esse esporte utiliza muito os membros superiores para arremessar as bolinhas com a raquete mas, em contrapartida, a maior força está nos membros inferiores. A pessoa precisa ficar semiagachada para receber a bola, o que acaba trabalhando em um formato multiarticular (quadríceps, panturrilha e articulações pelos movimentos variados de um lado para outro). “A recomendação é do idoso associar um esporte de raquete, com atividade física funcional, academia ou caminhada, exercícios de equilíbrio e flexibilidade (yoga ou pilates) para terem resultados ainda melhores. Conforme estudos, são necessários no mínimo 150 minutos semanais de atividade física para obter os benefícios para a saúde”, reforça.

Por fim, para os sedentários, a profissional de educação física alerta que, antes de optar por um esporte de raquete, é recomendado que a pessoa faça uma avaliação com um educador físico ou fisioterapeuta. Essa análise inicial contribuirá para direcionar a melhor atividade de adaptação, para posterior regularidade e consciência dos movimentos. “Toda atividade requer um curto período de repouso, como um momento de regeneração dos músculos, que vale para qualquer modalidade. O descanso é fundamental, assim como a hidratação, alimentação saudável e sono de qualidade, para que não ocorra uma lesão e a pessoa se fruste ou desista”.


A prática de atividade física regular traz muitos benefícios tanto para o físico quanto para o mental, explica a profissional de educação física da Unimed Chapecó, Franciele Aline Tonini

Para o condicionamento físico as vantagens são de fortalecimento muscular, porque essas modalidades requerem aumento do esforço, da flexibilidade e da coordenação pelos movimentos rápidos. “Há uma melhora na resistência muscular e cardiorrespiratória das pessoas que praticam esses esportes de maneira regular, reduzindo o risco de infarto pela melhoria da circulação sanguínea”, complementa. Outro privilégio é o controle do peso, porque o exercício intenso gasta muita caloria.

Franciele explica que esse esporte utiliza muito os membros superiores para arremessar as bolinhas com a raquete mas, em contrapartida, a maior força está nos membros inferiores. A pessoa precisa ficar semiagachada para receber a bola, o que acaba trabalhando em um formato multiarticular (quadríceps, panturrilha e articulações pelos movimentos variados de um lado para outro). “A recomendação é do idoso associar um esporte de raquete, com atividade física funcional, academia ou caminhada, exercícios de equilíbrio e flexibilidade (yoga ou pilates) para terem resultados ainda melhores. Conforme estudos, são necessários no mínimo 150 minutos semanais de atividade física para obter os benefícios para a saúde”, reforça.

Por fim, para os sedentários, a profissional de educação física alerta que, antes de optar por um esporte de raquete, é recomendado que a pessoa faça uma avaliação com um educador físico ou fisioterapeuta. Essa análise inicial contribuirá para direcionar a melhor atividade de adaptação, para posterior regularidade e consciência dos movimentos. “Toda atividade requer um curto período de repouso, como um momento de regeneração dos músculos, que vale para qualquer modalidade. O descanso é fundamental, assim como a hidratação, alimentação saudável e sono de qualidade, para que não ocorra uma lesão e a pessoa se fruste ou desista”.