Calma, sorridente e delicada. Maria Laura Santin Klein não imaginava o número de entrevistas que daria aos 20 anos após a conquista de ser a única vestibulanda de Santa Catarina a tirar a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Formanda por meio do Ensino Médio da Escola SESI, relatou em entrevista como a experiência dos três anos na entidade a preparam para o presente.
Segue entrevista:
Olhando para trás, quais foram os principais aprendizados que você captou nessa jornada pra realizar o Enem?
Maria: “Acredito que principalmente a determinação nos leva para qualquer lugar, como a constância nos estudos. Mesmo que tenha dedicado tanto tempo da minha vida aos estudos concentrados, valeu a pena. Parecia que estava andando em círculos, enquanto todos os meus amigos que formaram comigo, inclusive meu namorado, estão no segundo ano da faculdade, tive a sensação que estava no meu quinto ano de ensino médio. Brinquei muitas vezes com isso. Vou entrar em medicina agora, é outro curso que demora muito tempo, vou passar seis anos na faculdade, todos os meus amigos vão se formar, mas sei que estou indo pelo caminho certo, que é isso que quero para minha vida.”
"Em relação à educação básica, nosso objetivo aqui na Escola SESI se concentra em capacitar os estudantes com aptidões socioemocionais e técnicas, vislumbrando o êxito em suas carreiras e a construção de um futuro promissor", apontou o gerente executivo SENAI, SESI e IEL na Regional Oeste, Jardel Carminatti. “Parabenizo a Maria Laura por toda a dedicação e empenho nesses últimos anos, temos ela como exemplo e alegria. Como também, quero celebrar os alunos que conquistaram médias acima de 900 e se destacaram. Vocês recompensam os dias de trabalho das nossas instituições”, completou.
A professora de química, Bruna Morais, citada por Maria Laura na entrevista, recordou com emoção os dias de dedicação em sala de aula. “A Maria Laura sempre foi uma estudante reservada, tímida, porém muito estudiosa. Quando dirigia o meu olhar a Maria, observava aqueles olhos atentos, muitas vezes um olhar empolgado e motivado, para aprender tanto a disciplina de Química ou contando alguma história de vida.” Bruna ainda relatou que a estudante a procurava com frequência para tirar dúvidas com questões do Enem. “Ao final da aula vinha na minha mesa para tirar as dúvidas. Sempre mantemos um contato muito próximo com todos os alunos, mas esses alunos que têm um diferencial, vontade, acabam aproximando, porque podemos sim ajudar.”
“A Maria Laura é motivo de orgulho para a escola, soube aproveitar toda a riqueza que a metodologia traz para os estudantes. No nosso itinerário STEAM, os estudantes aprofundam as quatro áreas de conhecimento do ENEM, tendo contato com as respectivas áreas: Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. Além das aulas de redação na parte da formação geral, oferecemos o clube de Redação no contraturno para os estudantes treinar a escrita, afinal, escrever bem é igual a jogar futebol, não adianta saber as regras, as cinco competências que são avaliadas no ENEM, sem treino, a prática constante de escrita e reescrita faz toda a diferença." Relatou a supervisora do Ensino Médio, Aline Carla Dalmutt Marin, que ainda destacou outros alunos que conseguiram desempenho com nota maior de 900 na redação. "Por isso, estamos muito felizes com os resultados obtidos, parabéns à Maria Laura e a todos os estudantes que arrasaram na redação", finalizou.
Como a Escola SESI contribuiu para o sucesso na redação do Enem?
Maria: “Fiz o ensino médio desde o primeiro ano aqui e foi onde descobri que queria cursar medicina. Em primeiro lugar tive professores que apoiaram. É um curso que obviamente é muito difícil de passar e desde o início tinha noção que não podia cursar no particular. Minha possibilidade era acessar a universidade pública por meio do Enem. A Escola SESI foi o primeiro lugar que alguém olhou para mim e me falou: ‘está tudo bem, mesmo que fique frustrada e não passe de primeira, você vai passar. Você tem potencial’. Foi aqui que construí toda a minha base de assuntos tanto das áreas do Enem quanto da própria redação.”
E em relação ao suporte?
Maria: “Os professores me deram muito suporte e todos estavam sempre dispostos a tirar minhas dúvidas. Mandei questões para todos. Fui bem orientada. Além da sala de aula, é claro que precisei de mais tempo de preparação. Foi uma fase muito difícil. Mas foi aqui na Escola SESI que construí tudo.”
Descreva como era o seu treinamento semanal para se preparar para o Enem e os demais vestibulares?
Maria: “Iniciei no primeiro ano, mas ainda estava descobrindo o que ia fazer da vida. Foi quando comecei as primeiras redações. Lembro que a professora orientou em etapas. Explicou a introdução em uma semana, o desenvolvimento na outra e assim foi indo. No terceiro ano praticamos redações completas. Foi assim que passei a escrever todas as semanas. Recebia o feedback da professora e reescrevia toda a redação para saber certo o que tinha errado e o que poderia melhorar. Com o curso pré-vestibular, minha rotina de estudos dobrou.”
Como foi enfrentar os desafios? Lidar com as primeiras reprovações?
Maria: “As primeiras reprovações foram complicadas. Comecei a fazer vestibular no terceiro ano, não fazia só Enem. Cheguei a fazer cinco vestibulares e reprovei em todos. A nota do Enem também não era alta e foi insuficiente para passar. Foi assim por dois anos da minha vida. Fiz mais de vinte provas. O apoio da minha família foi muito importante e do meu namorado também. Percebia que era mais uma reprovação, mas que estava tudo bem, que isso ia contar para o processo e que cada prova que realizava, evoluía. Também me incentivaram a ter momentos de lazer. Quando eu ficava mal, descansava por um tempo antes de retomar os estudos.”
Qual a importância do retorno das correções?
Maria: “Sempre que erramos, dói, não é? Sofremos muito com erros. Sofria muito quando errava. Mas é assim que aprendemos. Não tem outra forma. No entanto, quando caía de novo no mesmo empecilho, acertava. Foi importante entender que os erros fazem parte do processo. Era assim que eu lidava com os feedbacks de redação também, corrigindo meus erros. Meu objetivo semanal era que a professora mostrasse a minha redação no quadro. Sentia muito orgulho da minha evolução.”
Como que você recebeu esse apoio da Escola SESI nos momentos do ensino médio?
Maria: “Por conversas com os próprios professores. Durante o ensino médio, aqui na Escola SESI, os professores sempre foram muito parceiros dos alunos. Óbvio que a gente estudava, mas também tinham muitos momentos que conversávamos sobre outras coisas da vida. Quando estava frustrada, sentavam comigo e conversavam. Tem até o caso de uma professora que foi a pessoa que realmente me fez ver que era isso que eu queria para minha vida. Pensei em seguir em outros cursos, inclusive o de química, que foi o que ela fez. Conversei com ela pelo medo da reprovação e ela bateu o martelo e falou que eu conseguiria passar em medicina. Tive momentos de adversidades, mas os professores deram o suporte emocional que todo aluno precisa, principalmente nessa fase de vestibular.”