Folheando a obra imortal de Victor Hugo, Trabalhadores do Mar, nos deparamos com uma magnífica abordagem sobre os desafios a que é submetida a existência de cada ser humano, também chamada de a misteriosa dificuldade da vida, ...ou a maravilha dela.

Trabalhadores do Mar é uma obra escrita em 1866, cuja cópia da edição que eu folheava, fora surpreendentemente traduzida pelo enorme escritor brasileiro Machado de Assis. Ou seja, o principal representante do Romantismo literário francês e um dos maiores escritores e dramaturgos do seu tempo, sendo traduzido por uma das maiores expressões da literatura brasileira.

Juntamente com Notre Dame de Paris (1831), e Os Miseráveis (1862), Trabalhadores do Mar, completa a trilogia visualizada por Victor Hugo, simbolizando as três lutas empreendidas pelos humanos durante suas existências, a chamada Tríplice Ananke, palavra que em grego significa necessidade, fatalidade. 

Tríplice Ananke pesa sobre os humanos, o ananke dos dogmas, o ananke das leis e o ananke das coisas.

Na Notre Dame de Paris, o autor denunciou o primeiro; nos Miseráveis mostrou o segundo e no Trabalhadores do Mar indicou o terceiro. 

Estas três lutas, são ao mesmo tempo as necessidades humanas; precisa crer, daí o tempo, criar, daí a sociedade e viver, daí a natureza.

Dessa forma, o ser humano vai buscando, no tempo a superação dessas fatalidades, ressurgindo de cada embate, de cada conquista.

Para completar essa Tríplice Ananke, há que se adicionar a fatalidade interior, o ananke supremo, o coração humano.

Daí, decorre toda a saga do ser humano na busca de si mesmo, de sua essência. E o maravilhoso de tudo isso é que consegue, ...apesar de tudo!

Como? Juntando todas as peças distribuídas num tempo sem fim, entendendo e experimentando todos os anankes em suas profundidades, emergindo um humano sensível, amoroso, trabalhado, forte, disponível e disposto para dar o próximo passo.

Dar o próximo passo na direção de si mesmo parece ser o derradeiro desafio de cada um de nós, com os pés fincados nesse chão, a mente fervendo de ideias, preconceitos, antagonismos e um coração sonhador, desperto para o melhor que está por vir, apesar de tudo.

Eu não sei qual será o seu próximo passo, só posso imaginar, mas você saberá!




José Hilário Portes possui formação em Engenharia Elétrica, Mestre em Energia pelo Instituto de Energia e Eletrotécnica da USP, com especialização em serviços de energia na Itália e Suécia. Com MBA em Gestão de Empresas pela FGV. Cursando o Programa de Pós-graduação em Neurociências e Comportamento da PUCRS, é membro estudante da Sociedade Brasileira de Neurociências, vem se dedicando ao estudo do comportamento humano e atuando na gestão de conflitos, mediação e negociação em contextos complexos. Atualmente é membro da Comissão Executiva do Meeting de Negociação.