O desafio de conquistar emprego é ainda maior para quem sai do sistema prisional. Reconhecendo essa realidade, o Grupo Pereira (proprietário da bandeira Fort Atacadista), sétimo maior grupo varejista do país, há 10 anos começou a ajudar a transformar vidas por meio do Programa Reeducandos. Atualmente, o projeto é realizado no estado do Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. A intenção do Grupo Pereira é levar o projeto para as regiões onde atua. A perspectiva é de, ainda neste ano, expandir o Reeducandos para os estados do Mato Grosso e Santa Catarina.
Desde 2014, o programa tem sido uma ponte para a inclusão e a reinserção social, beneficiando mais de 600 pessoas. Atualmente, 110 apenados fazem parte do e o impacto vai além das contratações iniciais. Cerca de 50 pessoas, após passarem pelo Reeducandos e cumprirem suas penas com a Justiça, foram contratados pelo Grupo Pereira, sendo que alguns, dados seus desempenhos, foram promovidos e hoje ocupam cargos de liderança.
“Quem sai do sistema prisional precisa lidar com o preconceito que tende a rejeitar e a excluir as pessoas que cometeram algum tipo de crime, o que inviabiliza qualquer tipo de ressocialização fora da prisão. Esta iniciativa não apenas oferece emprego, mas também abre caminhos para uma reintegração efetiva na sociedade, transformando vidas e promovendo uma real mudança de perspectiva para aqueles em busca de uma segunda chance”, conta o diretor de Gente & Gestão do Grupo Paulo Nogueira.
NOVA ATUAÇÃO
Recentemente, o projeto ganhou força na Central de Manutenção de Carrinhos no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, fruto de uma parceria com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (FUNAP). Seis presos do regime semiaberto atuam nos reparos e reformas dos carrinhos das lojas das redes Fort Atacadista e Supermercados Comper, do Grupo Pereira.
Para a Diretora-Executiva da Funap, Dra Deuselita Martins, “Esta parceria destaca o papel crucial que o trabalho desempenha na ressocialização e reintegração de indivíduos privados de liberdade, promovendo uma sociedade justa e inclusiva. Dentro de um sistema complexo de punições e recompensas, o trabalho pode ser uma das recompensas mais importantes que o preso pode receber”.
Eduardo Cesar Alves da Silva é um dos reeducandos recém-admitidos na nova Central de Carrinhos da Papuda. Réu primário, o projeto representa uma nova forma de esperança para a sua vida pessoal e profissional. “Essa é uma iniciativa que nos dá um recomeço de vida. Não é porque a gente errou uma vez, que vai errar novamente. Essa oportunidade que eles estão dando para mim é muito importante. Eu sou réu primário, estou voltando para a sociedade e pretendo nunca mais retornar para esse lugar [o presídio]”, afirmou Eduardo durante o evento de inauguração da Central.
HISTÓRICO DO PROJETO
Tudo começou em 2014 com a contratação de quatro apenados no Atacado Bate Forte, no Mato Grosso do Sul. Com o tempo, o Programa foi se estruturando e se expandindo para as bandeiras do Supermercado Comper e do Fort Atacadista. Uma das últimas iniciativas foi a criação da Central de Manutenção de Carrinhos, localizada no Centro Penal de Gameleira, também no Mato Grosso do Sul.
O programa vai além do trabalho, promovendo a capacitação profissional. “Para contribuir com a formação e o desenvolvimento, iniciamos em junho de 2023, a primeira Trilha de Desenvolvimento dos Reeducandos. São quatro módulos: ressocialização, marca pessoal, educação no processo de transformação e protagonismo de carreira”, explica o diretor Paulo Nogueira.
Outra novidade foi a contratação de mulheres egressas de presídios femininos. A ação começou em 2022, no Mato Grosso do Sul, e atualmente 17 presas do regime semiaberto foram integradas ao Reeducando para trabalhar na área de flores, bazar e na organização e no layout desses espaços nas lojas.