“Estou exausta, mas não fico longe dos meus filhos!”. Se você é mãe, já deve ter dito ou pensado nessa frase, porque o maternar reflete um misto de emoções e essa oscilação de sentimentos contraditórios, que vão da gratidão à exaustão. Para abordar a importância da saúde mental, do autocuidado e da rede de apoio, a Unimed Chapecó – por meio do plano de saúde Unimed Personal, da Medicina Preventiva e da Comissão de Saúde Integral do Colaborador –, promoveu um momento especial no último sábado (25), no auditório da cooperativa médica. As mães participantes receberam orientações de especialistas, compartilharam experiências e refletiram sobre o Maio Furta-cor, campanha sobre o cuidado com a saúde mental materna.
Ao se tornar mãe, a mulher fica muito vulnerável em virtude de várias questões como, por exemplo, queda hormonal acentuada, sobrecarga de tarefas, privação do sono e redução do tempo para autocuidado. “Então, precisamos desconstruir a ideia de romantização que existe por trás da maternidade, principalmente, de um mundo perfeito e de que a mãe tem que dar conta de tudo. Esse não é o caminho e se ela insistir em trilhá-lo acabará adoecendo de forma muito intensa”, explicou a psicóloga clínica da Unimed Personal, Deisy Parnof, ao reforçar que para cuidar de outras pessoas primeiramente é necessário se manter saudável.
Por se dedicar integralmente aos cuidados dos filhos, muitas mães, acabam se deixando de lado. A orientação da psicóloga foi de analisar o tempo disponibilizado para a família, o lar e o trabalho. “Às vezes pensamos, ah, mas é impossível, estou sobrecarregada, não tenho energia ou tempo para me cuidar. Por isso, é importante pedirmos ajuda para encontrarmos esse tempo, seja para aquelas que trabalham fora ou para aquelas que optaram por deixar suas carreiras. É imprescindível esse olhar para si, seja para ir à academia, sair tomar um café ou até mesmo um banho mais demorado. Porém, só conseguimos isso pedindo auxílio”, comentou. A psicóloga complementou que, para uma criança ser feliz, ela precisa de uma mãe feliz. “Há dias que estarão bagunçados, pois cada fase tem seu desafio. O importante é construir uma rotina consistente e sustentável”.
A programação do evento consistiu de apresentação da ginecologista e obstetra do Espaço Viver Bem da Unimed Chapecó, Dra. Julia Toscan, sobre a importância da saúde da mulher, diferença de baby blues e depressão pós-parto, fatores de risco e o que fazer ao identificar sinais dessas doenças. A psicóloga da Saúde Ocupacional da Unimed Chapecó, Monique Fernanda dos Santos, abordou sobre saúde mental, controle do estresse e técnicas de relaxamento. Por fim, a médica da família Dra. Angela Brustolim aplicou uma dinâmica sobre a maternidade e seus diferentes papéis, com reflexão sobre como a pessoa se vê, como acha que os filhos a enxergam e como visualiza sua mãe.
Todas as temáticas enfatizaram a necessidade de construir um olhar mais fraterno para a maternidade, sem tantos julgamentos, inclusive das próprias mães com outras. As profissionais também reforçaram que não existe certo ou errado no maternar, pois a realidade de cada família é diferente. Ao descreverem sua maternidade no momento atual, as mães utilizaram termos como: melhor fase, turbilhão de emoções, curiosidade, insegurança, preocupação, desafiadora, resiliência, orgulho, compensadora, oscilação de sentimentos, ansiedade e compreensão sobre respeitar as escolhas deles.
EXPERIÊNCIAS
“Cada semana tem sido uma descoberta” afirmou a farmacêutica Janice Zagonel de Bastiani, de 33 anos, sobre sua experiência com a maternidade. Janice é mãe da pequena Alice, de aproximadamente um mês de vida, e também de “um anjo”, como ela explicou sobre sua perda com uma gravidez ectópica (fora do útero). Neste período de puerpério, ela ainda não conseguiu dormir mais do que três horas por noite, já teve dificuldade com a amamentação e a pega incorreta no seio. “Porém, sigo firme na missão e inclusive estou doando para o Banco de Leite do município”, comentou agradecida.
Emocionada, Janice relembrou que ser mãe é algo que desejava muito. “Sempre continuei acreditando, mesmo com o diagnóstico da endometriose e depois de passar por duas cirurgias no sistema reprodutivo”, comentou. Como preparação para ser mãe, ela investiu em acompanhamento para fortalecer o emocional, controlar o estresse e manter ativo seu físico. “Nunca romantizei a gestação, muito menos a maternidade. Mas, vivendo isso, é bem mais difícil. Por outro lado, só de olhar para os olhos da Alice, tudo já vale a pena”, justificou.
Janice tem o apoio da mãe, irmã e algumas amigas, mas confessou que está sem tempo para cuidar de si. “Posso dizer que o meu tempo é um banho demorado”, explicou. Janice admitiu que prefere fazer tudo sozinha e que tem aprendido a importância da rede de apoio. “Minhas amigas foram essenciais nas primeiras semanas. Recebi um suporte tão lindo que vou guardar essas memórias para o resto da vida. O que elas fizeram por mim, não tem preço. Contudo, precisamos permitir que isso aconteça”, expôs.
Geruze Krulikowski, de 39 anos, é analista financeiro e mãe do Getúlio, de nove anos e do Gregório, de cinco anos. De acordo com ela, o assunto saúde mental materna infelizmente é pouco debatido e, pela correria diária, deixado em segundo plano. “Ser mãe é muito exaustivo, reclamamos, às vezes chamamos a atenção e até brigamos, mas não ficamos sem eles, porque vale muito a pena”, argumentou. Para manter sua saúde mental equilibrada ela gosta de caminhar e também de levar seus filhos para passear de bicicleta.
Geruze recordou que suas gestações foram planejadas, inclusive com a decisão de reduzir sua carga horária para se dedicar a essa nova função de ser mãe. “Pela manhã me dedico aos meninos, com uma rotina de cuidados e atenção. É uma dinâmica intensa para atender as necessidades de ambos. E ainda, não deixo eles brincarem com aparelhos eletrônicos, o que me exige muito mais. Eles estão em uma fase de testar nossa paciência, brincam muito juntos, mas ao mesmo tempo é nítido que vivem fases diferentes por causa da idade”, analisou.
Deisy finalizou o encontro destacando a importância de todos cuidarem e se importarem com as mães para não termos uma sociedade adoecida. “Precisamos cuidar de quem cuida de todo mundo!”, reforçou.