A ansiedade é uma emoção constitutiva da psique humana. Definida como resultante da composição de medo e antecipação, e, ainda, um estado psíquico acompanhado de excitação ou de inibição, que comporta uma sensação de constrição da garganta; observa-se que a ansiedade, assim como outras ferramentas psíquicas que deveriam ser benéficas para o ser humano, pode se transformar em um mal que o consome.
A sociedade contemporânea se apresenta individualista, onde a competitividade acirrada produz uma ânsia desenfreada no ser humano desde a sua infância, a rotina escolar, laboral, familiar e social é permeada de cobranças por performances muitas vezes inatingíveis, o que desencadeia um histórico de ansiedade crescente e recorrente. Para tentar se proteger, o ser humano tenta antecipar-se a fatos e situações, sofrendo por antecedência, pensando ter o controle do futuro e buscando viver equivocadamente a máxima: “É melhor prevenir do que remediar”.
Contudo, a ansiedade é uma reação normal, que estimula uma antecipação reacional diante de qualquer ameaça percebida, seja ela, física, psicológica ou imaginária. Dependendo do grau de intensidade, esse efeito pode ser positivo ou negativo”. Porém, o uso da reação “lutar ou fugir” em situações injustificadas e recorrentes, produz um esforço desnecessário ao corpo humano, visto que, a ansiedade mantém ativo nosso sistema de defesa, exigindo de nós um grande dispêndio de energias.”
A ansiedade pode ser transitória e passageira; causada por algum evento traumático; branda ou agressiva; benéfica ou prejudicial; esporádica ou recorrente; ter causa física ou psicológica; como pode ser crônica e se transformar em graves sintomas psicossomáticos. A manifestação de ansiedade pode variar de leve apreensão a complexos sintomas de pânico.
Sobre o processo desencadeador de ansiedade patológica, pode-se dizer que a ansiedade está baseada quase sempre em uma série de falsas crenças sobre o perigo. Constantemente se prevê perigo em tudo, e o perigo quase nunca se realiza; é preciso prever o perigo, conhecê-lo bem, controlar tudo e evitar riscos e arrependimentos; e porque nada de mau realmente acontece (pelo menos por algum tempo), a pessoa pensa que sua lógica está funcionando.
Márcia Teixeira é Psicanalista, Coordenadora de Estudos em Psicanálise do Instituto Scientia/RJ