Tenho a leitura como hábito de vida profissional e pessoal, na vida profissional entendo  que seja crucial; na vida pessoal, em meu caso, se traduz em um prazer indizível. Em  meio a mais uma dessas leituras que mesclam ofício e deleite, me deparo com as  dificuldades que alguém que seja bem-sucedido encontra em sua caminhada. Pode ser  muito proveitoso ter sucesso, mas não é nada corriqueiro conviver com as múltiplas  oposições que, o simples fato, de ter alcançado êxito podem trazer ao que é bem aventurado em sua vida profissional, afetiva, familiar, financeira, social, em todas essas  ou apenas em algumas dessas, onde for alçado ao sucesso, aí se seguirá também o  desgosto causado pela felicidade alheia, vulgarmente chamado de inveja. 

Parafraseando o Psicanalista Gilson Ianini em seu livro Freud no Século XXI, eu diria que: “Uma das fontes do ressentimento psi contra uma pessoa bem-sucedida, decorre  justamente do sucesso de sua implantação na cultura. […] Nos corredores do pensamento  dessa pessoa, temos muitos tipos de leitor: os arautos da verdade, os dicionaristas, os  exegetas, os especialistas. Temos os curiosos, os turistas, que querem apenas tirar uma  foto. Temos os inquisidores, que certos da culpa, procuram indícios e provas para  sentenças proferidas antes mesmo do crime”.  

Ter sucesso deve ser fantástico, ter reconhecimento nacional e internacional deve ser  fascinante; contudo, ter a vida escrutinada e ser julgado por desconhecidos ou por meio  de narrativas de quem sequer nos conhece deve ser desanimador. Ainda há, em muitos  casos, a desqualificação promovida pelos próprios pares, que indignados com o  desempenho alheio irrompem em críticas, não poucas vezes, infundadas e fantasiosas. 

Na cultura da inveja, a hipervalorização das curtidas nas redes sociais pode tirar o valor  daquilo que não é simplesmente entretenimento. Contudo, quando a união do bom  conteúdo com a propagação rápida na internet acontece, muitos dizem: Fulano agora  deixou de ser profissional para ser influencer. O que fazer diante de tal realidade? Seguir  em frente! Como diria uma certa cantora em seu hino contra a inveja: “Beijinho no  ombro!”.

Márcia Teixeira  é Psicanalista, Coordenadora de Estudos em Psicanálise do Instituto Scientia/RJ