O que é preciso para transformar uma região inteira? Talvez um sonho coletivo, o esforço de muitas mãos e corações, e a coragem de acreditar no poder da educação. Quando o curso de Pedagogia da FUNDESTE foi criado, em 1972, ninguém poderia prever o impacto que ele teria nas vidas de tantas pessoas. Hoje, cinquenta anos depois, as histórias dessas vidas se entrelaçam, formando uma teia de carinho, dedicação e um compromisso inabalável com a educação.
Evani Maria Colato Pavan, ex-professora e diretora, é um exemplo vivo dessa transformação. Ela lembra com saudade dos tempos em que trabalhou nos Colégios Zélia Scharf, Marechal Bormann, APAE e, como diretora, no Nelson Horostecki. Foi uma das responsáveis por encaminhar, em 1991, a mudança do nome do Colégio Eurico da Costa para o nome atual, um marco para a história da educação em Chapecó. Mas sua contribuição não parou por aí. Foi também a convite da amiga e colega Luci Wagner, diretora do Colégio Marechal Bormann, que Evani se envolveu ativamente em uma luta histórica: a criação do curso de Pedagogia na FUNDESTE. Juntas, elas percorreram escolas e comércios, reunindo assinaturas em um abaixo-assinado que mudaria o futuro da educação no Oeste catarinense. "Andamos muito, foi um trabalho árduo, mas que valeu cada passo".
A criação da FUNDESTE foi, sem dúvida, uma das grandes conquistas para o Oeste de Santa Catarina. Para Iraci Lopes Dalla Rosa, ex-aluna da primeira turma de Pedagogia da FUNDESTE, a fundação da faculdade foi uma verdadeira revolução para a região. "Lembro das lideranças como Plínio Arlindo de Nês e o Bispo Dom José Gomes, que se empenharam para que o ensino superior chegasse até aqui. Sem isso, nossa formação e nossas vidas seriam bem diferentes", afirma. Ela se recorda com gratidão dos professores que vieram de outras regiões para compartilhar seus saberes, e da solidez dos fundamentos que recebeu na FUNDESTE, que lhe deram as ferramentas para uma carreira de sucesso na educação. "A FUNDESTE não só me formou como pedagoga, mas me ajudou a formar uma vida profissional cheia de conquistas", diz Iraci, que seguiu atuando em diversos cargos de liderança na educação em Xaxim.
A criação do curso de Pedagogia também foi um marco para muitas outras mulheres, como Maria Teresinha Tomazelli, que afirma o Curso de Pedagogia ser a única opção de curso superior em Chapecó, e uma base para continuar a estudar. "Me orgulho muito disso porque, na época, ía de ônibus para a faculdade ou de carona com alguns colegas queridos que nos pegavam no ponto em frente ao Bradesco! Casei imediatamente após a formatura e me mudei para Pato Branco -PR! Fiz outra faculdade no Paraná e mais tarde concurso para auditor Fiscal do INSS ! Hoje sou aposentada como Auditor Fiscal da Receita Federal e moro em Rondonópolis/MT desde 1983 quando vim para acompanhar o marido.", destaca.
E não são apenas as ex-alunas que celebram com emoção os 50 anos da Pedagogia. As memórias de quem contribuiu para a criação do curso são igualmente marcantes. Sueli Petry da Luz, uma das primeiras professoras da FUNDESTE, lembra-se dos primeiros passos da instituição e da enorme responsabilidade que tinham em formar uma nova geração de educadores. "A ideia de criar o curso de Pedagogia foi um sonho coletivo. Não éramos apenas professores, éramos pioneiros em uma missão", compartilha Sueli. Ela fez parte de um grupo de educadores que veio de Florianópolis para fundar a FUNDESTE e, depois, seguiu para Itajaí, onde ajudou a construir a UNIVALI. "O tempo passou, mas a sensação de ter participado de algo tão importante é inesquecível. Fico emocionada ao ver os frutos dessa construção", diz Sueli.
Para muitos, o curso de Pedagogia foi mais que uma formação acadêmica. Foi uma porta aberta para novas possibilidades. Sirlei Salete Miolo, com 80 anos de idade, lembra que a Pedagogia foi sua grande conquista. "Eu já era professora normalista, mas o curso de Pedagogia foi o que me deu a chance de crescer, de me aprimorar. Foi na FUNDESTE que encontrei meu verdadeiro caminho", conta Sirlei, que, após a formação, se tornou uma das líderes educacionais de Chapecó, coordenando projetos de renovação do ensino e promovendo cursos de capacitação para professores.
Essas histórias de vida se entrelaçam, formando uma rede de amor à educação e compromisso com o futuro. Cada uma dessas mulheres, e tantos outros que participaram dessa jornada, têm em comum o desejo de transformar vidas e comunidades. Hoje, no cinquentenário do curso de Pedagogia, elas se encontram para celebrar tudo o que construíram e todas as sementes que plantaram ao longo dos anos. "O evento de 50 anos é um momento de agradecimento, um reconhecimento de que fizemos o melhor que podíamos, com as oportunidades que tivemos", diz Ingrid Fátima Wentz Antunes, também ex-aluna e educadora. "É uma forma de reafirmar que a educação sempre foi e sempre será a chave para um futuro melhor."
Assim, 50 anos depois, essas educadoras, alunos e ex-alunos da primeira turma da FUNDESTE se reencontram para relembrar a história e reafirmar a importância do legado que deixaram para o Oeste de Santa Catarina. Como disseram tantas vezes, a Pedagogia foi a carta de alforria de muitos, uma libertação que lhes permitiu alcançar novos horizontes. Hoje, com muito orgulho e amor, elas celebram a educação que as uniu e as transformou — um legado que permanece vivo e pulsante em cada história contada, em cada gesto de gratidão.
A educação é, de fato, o maior bem que podemos oferecer. E, em Chapecó, ela foi transformadora para toda uma geração que, com amor e dedicação, moldou um futuro melhor para o Oeste Catarinense.
Relatos de Educadores - 50 Anos do Curso de Pedagogia
Neste 50º aniversário do curso de Pedagogia em Chapecó, é interessante refletir sobre o impacto que a formação de professores teve não apenas para a cidade, mas para toda a região Oeste de Santa Catarina. Cada educador que passou por esse curso tem uma história rica e única para contar, e é com grande prazer que a GEN TV compartilha esses relatos.
Sulamita Maria Marchesi ingressou no curso de Pedagogia da Fundeste, o primeiro oferecido pela instituição, movida pela sua experiência prévia na área da educação. No entanto, sua trajetória profissional seguiu um caminho diferente quando, mais tarde, se tornou bancária. Apesar da mudança de área, Sulamita destaca que o aprendizado adquirido durante o curso de Pedagogia sempre esteve presente em sua vida, influenciando sua atuação como profissional, mulher e mãe. Após concluir o curso, Sulamita deixou Chapecó, mas a notícia sobre o encontro comemorativo aos 50 anos do curso de Pedagogia a deixou profundamente emocionada. "Não pude participar dos encontros anteriores, mas este, marcado para o dia 6 de novembro de 2024, será, sem dúvida, histórico e marcante", afirmou. Ela enfatizou que reencontrar professores e colegas, além de conhecer um pouco mais sobre a trajetória de cada um, será uma experiência muito especial. Sulamita também aproveita para refletir sobre a importância da educação, destacando que "ela deve ser sempre uma prioridade tanto para os governos quanto para a sociedade". Com um olhar de gratidão e satisfação, ela finalizou sua fala com um sentimento de confiança: "Tenho certeza de que, com nossas limitações e diferentes oportunidades ao longo dos anos, fizemos o melhor que pudemos nesses 50 anos."
Alice Maria de Nes, por sua vez, reflete sobre o impacto das mudanças que ocorreram na educação nos últimos 50 anos. Ela lembra como a educação evoluiu com o surgimento de novas metodologias e como a tecnologia transformou a maneira de ensinar e aprender. Apesar de muitas colegas não terem seguido a carreira docente, Alice acredita que a paixão pela pedagogia continua viva, seja no ensino de alunos, filhos, netos ou grupos sociais. Para ela, a educação é uma ferramenta transformadora e essencial para um Brasil mais justo e igualitário. Alice considera o curso de Pedagogia não apenas como uma formação acadêmica, mas como o berço de uma verdadeira revolução educacional no Oeste Catarinense, que teve um impacto profundo na comunidade local e nas futuras gerações de educadores.
Benhur Rosado Sperotto, formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1972, também compartilha suas impressões sobre o curso e o cenário educacional atual. Aposentado, Benhur coordena atualmente o Projeto Evoluir, um projeto social em Jaraguá do Sul que utiliza o voleibol como ferramenta educacional no contraturno escolar, atendendo a 10 escolas. Ele lembra que, no início, muitos dos alunos do curso de Pedagogia eram adultos, já atuando como professores e educadores em diferentes áreas, o que trouxe uma perspectiva rica e madura para as discussões acadêmicas. Benhur considera que a educação naquela época era marcada pela presença de professores idealistas e apaixonados pelo que faziam, algo que ele sente faltar hoje em dia. A escassez de profissionais comprometidos com a educação é uma de suas maiores preocupações, especialmente diante das mudanças nas famílias e no comportamento dos alunos ao longo dos anos. Ele também destaca que a valorização dos professores continua sendo um desafio constante, que precisa ser enfrentado com urgência se quisermos realmente transformar a educação no Brasil. Sobre o evento de 50 anos, Benhur, que foi professor da Pedagogia, destaca a importância desses encontros, que são oportunidades valiosas para relembrar os tempos de convivência acadêmica e celebrar os avanços na educação. Ele compartilha uma experiência pessoal de encontros com colegas da sua turma, que realizam jantares e almoços anuais para manter viva a amizade e o vínculo que surgiram na formação acadêmica.
Cléa Ana Seganfredo, formada no curso Normal (Magistério) em 1964, com uma longa trajetória acadêmica que inclui uma licenciatura em Língua Portuguesa, especializações em Psicologia da Educação e Orientação Educacional, e uma carreira de destaque como docente na área de Orientação Educacional, também reflete sobre sua experiência no curso de Pedagogia. Cléa foi convidada em 1973 pelo Reitor da FUNDESTE, Almiro de Moraes Matos, para integrar o corpo docente da recém-criada instituição, onde lecionou disciplinas como Psicologia da Educação, Psicologia Geral e Orientação Educacional até 1993. Ela lembra com carinho das manifestações realizadas pela comunidade local, como passeatas na Avenida Getúlio Vargas, que foram fundamentais para a criação da FUNDESTE e do curso de Pedagogia. Ela destaca a presença de acadêmicos que, em sua maioria, já eram profissionais com grande experiência na área da educação, como professores e coordenadores, o que contribuiu para a qualidade e a seriedade do curso. Cléa também recorda o papel das lideranças políticas, educacionais e empresariais, como o Bispo Dom José Gomes e o empresário Plínio Arlindo de Nes, que foram essenciais para viabilizar a criação do curso. Para ela, a educação continua a enfrentar desafios, como a falta de valorização dos profissionais da área e a necessidade de transformar a educação para que ela não se perca em ideologias, mas mantenha o foco na formação integral do ser humano.
Esses relatos de educadores que estiveram diretamente envolvidos na criação e no desenvolvimento do curso de Pedagogia de Chapecó são testemunhos importantes de como a educação foi um motor de transformação para a cidade e a região. Ao celebrarmos 50 anos dessa trajetória, é fundamental refletirmos sobre o legado deixado por essas pessoas apaixonadas pela educação e como podemos continuar avançando na formação de novas gerações de educadores que sigam o mesmo caminho de compromisso, dedicação e amor ao ensino.
Essas histórias se entrelaçam, como as páginas de um livro escrito por mãos que, juntas, ajudaram a desenhar o futuro da educação. Cada uma dessas mulheres, e tantos outros que seguiram a mesma jornada, compartilham uma mesma paixão: a de transformar vidas e comunidades por meio do ensino. No cinquentenário do curso de Pedagogia, elas se reúnem para celebrar as conquistas e reafirmar o compromisso com a educação que as uniu e as transformou. “O evento de 50 anos é uma forma de agradecer, de reconhecer que fizemos o melhor que pudemos com as oportunidades que tivemos”, diz Ingrid Fátima Wentz Antunes, ex-aluna e educadora. "É uma reafirmação de que a educação sempre foi, e sempre será, a chave para um futuro melhor."
Hoje, essas educadoras se encontram e comemoram, com gratidão e orgulho, o legado de um curso que, há 50 anos, abriu as portas do futuro para centenas de pessoas. O curso de Pedagogia foi, como tantas vezes foi dito, a carta de alforria de muitos, a libertação que lhes permitiu alcançar novos horizontes. E é com o coração pleno de amor e gratidão que elas celebram a educação que as uniu e as transformou — um legado que permanece vivo e pulsante em cada história compartilhada, em cada gesto de gratidão.
A educação é, sem dúvida, o maior bem que podemos oferecer ao mundo. Em Chapecó, ela foi a força transformadora que moldou uma geração inteira, que, com amor, dedicação e coragem, construiu um futuro melhor para o Oeste Catarinense. Que o legado de amor e transformação de 50 anos continue a florescer nas mãos dos educadores que seguirão esse caminho de paixão pela educação, sempre com os olhos voltados para um futuro mais justo e igualitário.